Quando eu era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche à noite, para substituir o jantar. Eu me lembro especialmente de uma daquelas noites, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de muito trabalho.
Naquela noite já distante do tempo, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastante queimadas, colocou tudo isso diante do meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, pra ver se alguém notava o fato das torradas estarem tão queimadas. Tudo o que meu pai fez, foi pegar uma daquelas torradas, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.
Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado pra ele lambuzando aquela torrada toda queimada com manteiga e geleia e comendo todo satisfeito.
Quando eu deixei a mesa naquela noite, eu ouvi a minha mãe se desculpando com meu pai por ter queimado a torrada. E nunca me esquecerei que ele disse a ela assim:
- Meu amor, você sabe que eu adoro torrada queimada...
Mais tarde, naquela mesma noite, quando fui dar um beijo de boa noite no meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada e se ele realmente gostava de torrada queimada como ele havida dito para minha mãe. Ele me envolveu nos braços dele e disse:- Meu amigo, sua mãe teve um dia muito pesado e estava realmente cansada no dia de hoje. Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é assim, cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. Eu também não sou o melhor marido, também não sou o melhor empregado, nem tão pouco sou o melhor cozinheiro. O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes pra gente ter relacionamentos saudáveis e duradouros. Além do mais, uma torrada queimada não precisa ser um evento destruidor.
Filho do Céu - Padre Fábio de Melo
Texto lido no Programa Direção Espiritual
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terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Torradas queimadas
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