Os Talentos em ação.
Esta parábola, tendo provavelmente em sua origem algum dito de Jesus, parece ter sofrido acréscimos e adaptações quando veiculada entre as primeiras comunidades. As imagens da parábola são extraídas de uma sociedade oportunista consagrada ao mercado em busca do lucro.
Na parábola, o senhor ambicioso, ao viajar, determina a seus três servos que façam render seu dinheiro. Os dois servos mais "fieis" fizeram o dinheiro render cem por cento. Contudo um servo mais tímido, temeroso da severidade do patrão, não querendo correr risco, escondeu o dinheiro que recebeu e devolveu-o tal qual. O senhor , afirmando-se como sendo aquele que "colhe onde não plantou e ajunta onde não semeou", qualifica o servo tímido de mau e preguiçoso. Os dois servos fieis e eficientes foram exaltados e o servo tímido foi lançado fora. A sentença final, "a quem tem será dado mais... daquele que não tem será tirado", é típica da sociedade excludente e concentradora de riquezas. A parábola tem um certo aspecto de caricatura irônica da sociedade. Suas imagens são pouco condizentes com a revelação de Jesus de Nazaré, manso e humilde de coração, que vem trazer vida para todos, sem exclusões.
O Reino de Deus é o reino dos pobres, mansos, pacíficos e misericordiosos, com fome e sede de justiça e partilha. Com certo constrangimento, a parábola tem sido entendida como uma advertência aos discípulos afim de que façam frutificar seus dons pessoais, a serviço da comunidade e da sociedade.
Na primeira leitura, a mulher que, com seus dons, trabalha tanto no serviço doméstico como na produção para o sustento da família, é louvada. Na segunda leitura Paulo estimula as comunidades à vigilância, a qual significa o serviço e o amor mútuo.