quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Frutos da perseverança



By Pe. Faus

Que a perseverança leve consigo uma obra perfeita, exorta São Tiago na sua carta (Tg 1,4). A perseverança sempre acaba dando frutos de virtudes maduras, e a virtude madura, por sua vez,  produz outros frutos espirituais saborosos, alguns dos quais vamos considerar a seguir.

Abre os olhos


Nas coisas de Deus – e, portanto, nas virtudes cristãs – acontece que não se entende o que não se vive. Quando as virtudes não se exercitam, cumpre-se ao pé da letra a profecia de Isaías, que Jesus citou diversas vezes: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis; e vendo, vereis, mas não percebereis (Mt 13,14 e Is 6,9).


É que o caminho cristão (e, em geral, todo o caminho de Deus) só pode ser visto com um coração limpo − Os puros de coração verão a Deus (Mt 5,8) −, esclarecido pela luz do Espírito Santo, que  ilumina os olhos do coração (cf. Ef 1,18). Duas condições – pureza e luz sobrenatural – que se cumprem em quem luta sinceramente por praticar as virtudes, com amor e confiança em Deus,.
Vejamos um exemplo. «Alguns, por aí fora − diz São Josemaria − ouvem falar de castidade e sorriem» (Amigos de Deus, n. 179). Pois bem, faz alguns anos li numa conhecida revista semanal este comentário sarcástico de um articulista: “A castidade é a doença sexual mais incompreensível”.
Em confronto com esta cerração, o mesmo santo, que orientou milhares de jovens para valorizar a prática feliz da castidade, afirmava: «A castidade é uma afirmação jubilosa» (Amigos de Deus, n. 177), e esclarecia: «A castidade  – a de cada um no seu estado: solteiro, casado, viúvo, sacerdote  – é uma triunfante afirmação do amor» (Sulco, n. 831).
Aquele que, movido pelo amor cristão, se esforça por viver as virtudes, descobre, assombrado, «com cor o relevo imprevistos, as maravilhas de um mundo melhor, de um mundo novo», o universo de Deus (Caminho, n. 283).
Foi o que aconteceu com Santo Agostinho que, depois da conversão, não achava palavras para descrever o que os olhos de sua alma estavam vendo: «Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! (…). Chamaste, clamaste e rompeste a minha surdez; brilhaste, resplandeceste, e a tua luz afugentou a minha cegueira; exalaste o teu perfume e respirei, suspirei por ti; saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti; Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo da tua paz» (Confissões, Liv. 10, 27).
Dilata o coração
Eis uma bela expressão que o Salmo 118[119],32 dirige a Deus: Dilataste o meu coração. É outro dos frutos saborosos da fidelidade para com Deus, da perseverança na luta.  A constância – diz São Paulo – produz a virtude a toda à prova; esta produz a esperança, e a esperança não nos deixa desiludidos, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,4-5).
É um texto maravilhoso, retrato da alma santa de um filho de Deus. Como fruto da graça de Deus – a graça do Espírito Santo – e da luta perseverante pelas virtudes, o coração de Paulo se encheu de uma esperança que o lançava, cheio de coragem e alegria, para horizontes cristãos cada vez maiores. Seu coração se dilatou. Não se conformava com o que já era e o que já tinha feito. A alma grande lhe gritava: “Mais!” “Além!”, e ele exclamava: O amor de Cristo nos constrange (2 Cor 5,14).
É assim mesmo. A virtude dá-nos um «poder de progresso e aperfeiçoamento», diz Pinkaers; e comenta que, na vida cristã, acontece algo semelhante ao que sucede com um grande pianista. Os seus exercícios ao piano, constantes, exigentes e cheios de inspiração, vão lhe proporcionando a leveza de um “hábito”, que não é repetição mecânica (como a daquela vizinha que, em cada festinha, teclava monotonamente o “Para Elisa”), mas é pura liberdade. Assim cresce nele a paixão pela música e, com ela, a genialidade de “criar” um estilo próprio – que os entendidos percebem, maravilhados −, permanecendo fiel ao compositor que interpreta (cf. As fontes da Moral Cristã). Sente uma alegria criativa que o impele a procurar uma perfeição sempre maior.
É uma bela comparação. Por um lado, lembra-nos que o hábito virtuoso é vivo e deve ser progressivo. Por outro, que com ele a alma se enche de iniciativas: sempre pensa em agir com mais amor, com mais um detalhe, com mais uma conquista, e nunca diz “basta”. Não tem o perigo de embalsamar virtudes mumificadas. Como dizia São Josemaria, «tudo se converte em cume por alcançar: cada dia descobre novas metas, porque não sabe nem quer pôr limites ao Amor de Deus» (Sulco, n. 17).
Abre as portas ao Espírito Santo
Já sabemos que, à diferença das virtudes dos pagãos, as virtudes humanas do cristão têm , como alma que as inspira e como finalidade para a qual apontam, o amor (a Deus, ao Bem, ao próximo). E que sua seiva vivificante é a graça do Espírito Santo (Caps. 9, 10, etc).
Santo Tomás de Aquino lembra que não é possível desenvolver uma virtude verdadeiramente cristã, ou seja, vivificada pelo amor, sem que cresçam ao mesmo tempo as outras virtudes. O contrário seria tão anormal como se, no corpo de um adolescente, se desenvolvesse só uma mão ou uma orelha, e o resto ficasse raquítico.
Ora, o amor cristão, e as virtudes que suscita, são como o trigo das parábolas de Jesus: só pode crescer bem e encher-se de fruto se os trabalhadores limpam o mato: o joio e os espinhos (cf. Mt  13,7 e 26). Essa é justamente a tarefa da mortificação cristã: limpar, libertar o campo do mal que o torna estéril – do desamor! −, para abrir espaço à ação santificadora do Espírito Santo.
Tudo isso se entende bem se não esquecemos que a luta pelas virtudes é sempre uma luta de correspondência à ação do Espírito Santo, que consiste fundamentalmente em:
− preparar o terreno com a oração, a mortificação e a humildade
− plantar decididamente, com a ajuda de Deus, a semente de cada virtude, mediante propósitos concretos de luta e desejos sinceros de alcançar a meta
− ir alimentando essa semente e o seu crescimento com oração e luta diários, sem nunca esquecer que o alimento indispensável é a “água viva” da graça (cf. Jo 4,14 e 7,38): água que se obtém na fonte dos Sacramentos, da Oração de petição, e do amor generoso no cumprimento do dever.
Então a alma se alarga, dilata-se, vai se “fazendo” à medida de Deus, porque o amor não tem fim (1 Cor 13,8) e, como diz São Gregório de Nissa, «no tocante à virtude, nós aprendemos que o único limite consiste em não ter limite» (Vida de Moisés, 1,5).
Com a alma assim preparada, aberta, “ativa” e cheia de confiança em Deus, o cristão poderá fazer da sua vida toda aquela aventura divina que descreve São Paulo: Que o Pai vos conceda, segundo as riquezas da sua glória, que sejais poderosamente fortalecidos pelo seu Espírito no homem interior, para que Cristo habite pela fé nos vossos corações, arraigados e fundados no amor (…), até atingir o estado do homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo (Ef 3,16-17 e 4,13). A identificação com Cristo, que é a meta das virtudes cristãs.
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